dorso
dores
alma
do meu
cão
as
pulgas se banham
no
sangue
sugado
do meu
mísero cão
pulgas
não fugazes
iscas
de mares
desertos
no
olhar triste e insólito
do meu
cão
a
guarda fica pra depois
meu cão
vagueia em passos trôpegos
de uma
carruagem perdida
meu cão
branco
é o seu olhar de solidão
│Autor: Oreny Júnior │
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Oreny
Pires de Sousa Júnior é natalense, filho de seu Oreny e dona Zefa. Viveu da
infância à adolescência nas ruas e morros da Cidade da Esperança. Nesse bairro
conviveu com músicos e poetas. A vida malvada o tangeu do bairro, lançando-o
nas estranhas desse país trecheiro. Nesse exílio, necessário de doloroso, catou
seus poemas no pedregulho da vida sem o uso de luvas. Alguns foram retirados a
fórceps de suas entranhas. Agora, estão aqui, gritando neste livro. [Janilson
Carvalho – Professor]