Estou
E num breve instante
Sinto tudo
Sinto-me tudo
Deito-me no meu corpo
E despeço-me de mim
Para me encontrar
No próximo olhar.
Ausento-me da morte
não quero nada
eu sou tudo
respiro-me até à exaustão.
Nada me alimenta
porque sou feito de todas as coisas
e adormeço onde tombam a luz e a poeira
A vida (ensinaram-me assim)
deve ser bebida
quando os lábios estiverem já mortos
Educadamente mortos
(1979)
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# Poema constante de RAIZ DE ORVALHO E OUTROS POEMAS (Caminho, 2009)
# Originalmente, postado na página Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen (Clique AQUI)
│Autor: Mia Couto │
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