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quinta-feira, 26 de março de 2020

INOCENTE



Untitled - Albert Oehlen



Teu nome,
o meu,
ali,
aos poucos,
desenho feliz,
que pousamos
no eterno.

Derrubaram a árvore
e construíram uma locadora.
E agora, depois de umas dez utilidades,
só o pequeno prédio fechado,
cadeado, corrente, escuro, silêncio.

Dá-me vontade, sabe, de compra-lo
e derrubar tudo; fazer voltar o vazio
e, nele, plantar outra árvore, uma muda,
esperar crescer e, novamente, pousar nossos nomes.

Sei, é loucura isso.
Mas, sabe, dá-me vontade exatamente disso,
de ter toda coragem que temos quando jovens
e aquela sensação de que nada nos deterá,
de que toda revolução, do amor ao mais, é possível
e que tudo depende apenas de dar um passo a frente.

Dá-me vontade de ser inocente, de novo.



│Autor: Webston Moura│