domingo, 10 de abril de 2016

RUAS DE SEMPRE, ANDARES DE AGORA

Seu rosto, reconheci-o;
já se me havia souvenir da China,
a dança como que aragem de um corpo
que se desloca dos outros, além; ano já ido.
Agora, somas e subtrações efetuadas,
sim, sei que é o mesmo rosto.
Quem supunha o reencontro, este,
a fala com o ritmo menos acentuado,
o olhar ainda corso dentro do gris,
as mãos que sabiam dos cristais de realgar
e de meninices adocicadas?

E este, quem é?
Crepusculário, Neruda.

Nenhum temor.
E cravos, aromas vindos enquanto seguíamos
ruas de sempre, andares de agora.

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│Autor: Webston Moura
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Num dia branco

segura a borda da mesa com
o cabelo vermelho vamos
para a polônia
                            ver a neve
andava tão dispersa assim
ele nunca conheceu a família com ganas
de frio. sempre aquele
movimento
                          preciso ler outras
coisas a frase cortada
no mesmo ponto fresta de luz
onde fala uma gargalhada
assomada à janela quando o vê
do outro lado da rua procurando o
castelo.
              cabelo curto, segura a ponta
da mesa e mastiga as sílabas
em sua língua.


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# Constante de "20 poemas para o seu walkman" (7Letras)


│Autora: Marília Garcia
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POR AMOR E GRAÇA

Esteja na duração do tempo.



Suponha um boi, o primeiro.
Veja-o caminhar e recalcar o solo.
Não o ajude com piedades humanas.
Veja o pássaro catando no boi
insetos hospedados em seu dorso.
Distinga a geometria incerta
que se expande quando olhos marejam.
Rumine cem dias o milagre desta lembrança.

Acenda um fósforo,
vele pelo ínfimo.
saia do distúrbio.


│Autor: Webston Moura
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