quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

OS DIAMANTES DE SERRA LEOA



suas arestas são gumes:
não de cortar epiderme, mão nua;
são gumes que cortam antes
          (no haver entre a mão e a pedra),
cortam no instante estrito
          (à guisa do feitio de um cão
           lançando-se à espoleta)
em que o olho
se desaba sobre a esquálida arquitetura
dos meninos mineiros,
         seus apanhadores
                   (que trazem a infância
         tão perdida ―
                    funda ―
         quanto a conta dos mortos
         ficados sob terra
         gritando às oiças dos vivos).


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# Constante de A Selvagem Língua do Coração das Coisas (Realce, 2005)

│Autor: Dércio Braúna
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